Ansiedade em medicina dentária : validaçao de versoes portuguesas do "dental fear survey" e do "modified dental anxiety scale" em estudiantes do ensino superiorAnsiedad en medicina dentaria : validación de versiones portuguesas del "dental fear survey" y del "modified dental anxiety scale" en estudiantes de enseñanza superior

  1. Lopes, Pedro Nuno da Rocha Moreira
Dirigida por:
  1. Florencio Vicente Castro Director/a
  2. Emanuel Ponciano Mourisca Moreira Lopes Lopes Director/a

Universidad de defensa: Universidad de Extremadura

Fecha de defensa: 06 de noviembre de 2009

Tribunal:
  1. Francesco Mattei Presidente/a
  2. Anabela Costa de Sousa Pereira Secretario/a
  3. María Isabel Fajardo Caldera Vocal
  4. Gabriella Pravettoni Vocal
  5. Víctor Santiuste Vocal

Tipo: Tesis

Teseo: 282514 DIALNET

Resumen

O objectivo deste trabalho é validar, para uma amostra de estudantes do ensino superior, versões portuguesas do Dental Fear Survey (DFS), de KLEINKNECHT e o Modified Dental Anxiety Scale (MDAS), de HUMPHRIS, dois questionários utilizados na avaliação e mensuração da ansiedade dentária, numa amostra de estudantes do ensino superior. Para tal, o DFS e o MDAS foram aplicados a uma amostra de conveniência de 560 alunos de ambos os sexos da Universidade de Coimbra, 69,3% do sexo feminino e 30,7% do sexo masculino. Foram, simultaneamente, recolhidos dados respeitantes à história clínica e a antecedentes dentários de cada indivíduo, conjuntamente com outros questionários necessários ao estudo da validade concorrente do DFS e MDAS, nomeadamente o Dental Anxiety Scale de CORAH, o Dental Anxiety Inventory de STOUTHARD, o State Trait Anxiety Inventory de SPIELBERGER, o Endler Multidimensional Anxiety Scales de ENDLER. e o Test Anxiety Inventory de SPIELBERGER. Todos os questionários foram respondidos de forma anónima e voluntária. Os resultados demonstraram a existência de boas propriedades psicométricas quer do DFS, quer do MDAS, a nível, nomeadamente, da validade facial e de conteúdo, da fidedignidade e da validade de constructo. A fidedignidade foi estudada através da estabilidade temporal e da consistência interna. A estabilidade temporal foi estudada recorrendo ao cálculo do coeficiente de correlação teste reteste de Pearson (DFS: r=0,910; p<0,001; MDAS: r=0,845; p<0,001) e do Coeficiente de Correlação Intraclasses - DFS: CCI one way=0,893; IC95(0,809-0,941); p<0,001; CCI two way=0,909; IC95 (0,835 0,950); p<0,001; MDAS: CCI one way=0,799; IC95(0,665-0,883); p<0,001; CCI two way=0,829; IC95(0,710-0,901); p<0,001 - entre duas administrações dos questionários com um intervalo de três semanas. A consistência interna foi estudada calculando o coeficiente alfa de Cronbach (DFS: alfa=0,949; MDAS: alfa=0,871) e a correlação item restante para cada item (DFS: Mediana=0,6955; Min=0,394; Max=0,853; MDAS: Mediana=0,704; Min=0,640; Max=0,775). A validade de constructo foi estabelecida através do estudo da validade concorrente, da análise factorial exploratória e confirmatória e de grupos de contraste. O estudo da validade concorrente foi efectuado correlacionando as pontuações do DFS e MDAS e de outros instrumentos psicométricos: DFSxMDAS=0,884; p<0,01; DFSxDAS=0,837; p<0,01; DFSxDAI=0,881; p<0,01; DFSxSTAI-S=0,813; p<0,01; DFSxSTAI T=0,449; p<0,01; DFSxEMAS S (cognitiva) =0,320; p<0,01; DFSxEMAS S (somática) =0,294; p<0,01; DFSxEMAS T1=0,266; p<0,01; DFSxEMAS T2=0,321; p<0,01; DFSxEMAS T3=0,275; p<0,01; DFSxEMAS T4=0,073; DFSxTAI (total)=0,371; p<0,01; DFSxTAI (preocupação)=0,237; p<0,01; DFSxTAI (emocionabilidade)=0,398; p<0,01; MDASxDFS=0,884; p<0,01; MDASxDAS=0,850; p<0,01; MDASxDAI=0,854; p<0,01; MDASxSTAI-S=0,805; p<0,01; MDASxSTAI T=0,457; p<0,01; MDASxEMAS S (cognitiva) =0,369; p<0,01; MDASxEMAS S (somática) =0,273; p<0,01; MDASxEMAS T1=0,224; p<0,01; MDASxEMAS T2=0,265; p<0,01; MDASxEMAS T3=0,218; p<0,01; MDASxEMAS T4=0,094; MDASxTAI (total)=0,328; p<0,01; MDASxTAI (preocupação)=0,225; p<0,05; MDASxTAI (emocionabilidade)=0,337; p<0,01. No estudo da estrutura factorial do DFS, foram formulados dois modelos distintos, com três e cinco factores respectivamente, na sequência de uma análise factorial exploratória, e que foram testados por via de análises factoriais confirmatórias. Obtiveram se, para o modelo com 3 factores, os seguintes índices de ajustamento: Qui-quadrado=514,444; g.l.=160; p<0,001; GFI=0,913; AGFI=0,885; TLI=0,949; CFI=0,957; RMSEA=0,064; IC90(0,058 0,070). Para o modelo com 5 factores, obtiveram se os seguintes índices de ajustamento: Qui-quadrado=532,385; g.l.=155; p<0,001; GFI=0,907; AGFI=0,874; TLI=0,943; CFI=0,953; RMSEA=0,067; IC90(0,061 0,074). Para o MDAS, a análise factorial exploratória sugeriu duas soluções, com um e dois factores. Tendo como base estas soluções, formularam se dois modelos, também de um e dois factores, que foram testados através de uma análises factoriais confirmatórias. Obtiveram se, para o modelo com 1 factor, os seguintes índices de ajustamento: Qui-quadrado=126,940; g.l.=5; p<0,001; GFI=0,900; AGFI=0,700; TLI=0,830; CFI=0,915; RMSEA=0,213; IC90(0,182-0,246). Para o modelo com 2 factores, obtiveram se os seguintes índices de ajustamento: Qui-quadrado=9,643; g.l.=4; p=0,047; GFI=0,993; AGFI=0,974; TLI=0,990; CFI=0,996; RMSEA=0,051; IC90(0,006-0,094). Tanto o DFS como o MDAS demonstraram capacidade discriminativa, diferenciando indivíduos que sofreram experiências traumatizantes durante a consulta de medicina dentária dos que não sofreram; indivíduos não submetidos ou submetidos a tratamento ortodôntico; indivíduos com diferente número de consultas dentária; indivíduos auto percepcionados como "nervosos". Face à robustez dos resultados obtidos no estudo das propriedades psicométricas das versões portuguesas do DFS e do MDAS, conclui se serem instrumentos válidos e fidedignos, para esta amostra, podendo ter aplicações práticas na clínica e em investigação, bem como em saúde pública, nomeadamente no rastreio da ansiedade dentária.